Eliana Calmon, ex-Corregedora-Geral de Justiça, ganhou projeção nacional
quando disse que era preciso ter cuidado
com os “bandidos de toga”. A declaração foi divulgada em entrevista no ano
passado, pouco antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir até onde o CNJ
poderia ir na investigação de magistrados. Na época, a corregedora foi
criticada por grande parcela da magistratura nacional e, em especial, pelo
então Presidente do CNJ e do STF, Cezar Peluso, que classificou as declarações
da corregedora de "levianas".
Outro episódio polêmico relacionado a Eliana Calmon foi a decisão de
investigar indícios de irregularidades no Tribunal de Justiça de São Paulo
(TJSP). Maior corte do país, por onde circulam cerca de 60% dos processos, o
tribunal é conhecido pelo perfil conservador e avesso a interferências
externas.
“Entendi que era preciso calçar as botas de soldado alemão e fazer
inspeção, mesmo que eles não quisessem. E todos viram o que aconteceu”, disse,
ao relembrar o episódio. Na época, Eliana Calmon foi acusada de quebrar
ilegalmente o sigilo de milhares de pessoas ligadas ao tribunal, o que não
ficou provado.
A corregedora disse que foi muito rigorosa com a corrupção porque os juízes não têm direito de transigir
eticamente e admitiu que seu estilo “verdadeiro” e “sem limites” causou
problemas. “Minha vida nesses anos foi extremamente incômoda, mas eu me dispus
a ser assim para ser inteira, para fazer o que estava ao meu alcance”, observou
Eliana Calmon, garantindo não guardar mágoas.
Ela tentou concluir o julgamento de quase 30 processos que estavam sob
sua responsabilidade, mas houve pedidos de vista na maioria dos casos, como o
que apura se houve negligência na direção do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro no episódio que culminou com o assassinato da Juíza Patrícia Acioli.
Com a saída da corregedora, a conclusão desses processos deve demorar ainda
mais porque eles serão distribuídos a um novo relator.
Eliana Calmon voltará a dar
expediente no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e só deve deixar a
magistratura daqui a três anos, quando se aposenta compulsoriamente. O cargo de
Corregedor-Geral será assumido pelo Ministro Francisco Falcão, também do STJ.
Fonte: Agência Brasil/DIALEX