sábado, 23 de janeiro de 2010

* O SENDEIRO - MEU AMIGO CHALIE BROWN

Eh! meu amigo Chalie,
Eh! meu amigo Chalie Brown .......
A exaltação dos versos contrastava com a apatia da platéia. A ambiguidade é percebida pelo cantor que procura da mais consistência a voz:
Eh! meu amigo Chalie Brown .......
O artista sente que não ha empatia e cumplicidade com o público, como jamais vira e sentira em sua longa carreira de sucesso. Olha nos olhos da maioria e percebe que lá estavam por pura falta de opção, dera-se conta então que estava dividindo o palco com a impopularidade de um político e desconcertado deixa cair o microfone, desfaça então com falso entusiasmo cantando mais alto:
Eh! meu amigo Chalie Brown........
E a platéia INERTE! Seu canto alegre soava como uma sinfonia triste, a sinfonia da morte anunciada de uma cidade, o prelúdio melancólico de um povo. Pensou está ouvindo as vozes de Cartola, Pixinguinha e Noel dizendo: "Com quem você está a defender a bandeira do samba? Olha estes teus anfitriões, não há partido alto que demova a indiferença e a indolência do povo". Enquanto automaticamente cantava, seu íntimo se debatia em questionamentos, imaginara está no ocaso de sua carreira artística, as luzes da ribalta se apagavam para ele. Enquanto seus dedos intrépidos arrancavam desesperadamente as notas musicais no piano, sentira a inspiração mediúnica de Jacó do Bandolim e Jamelão que pelo progresso espiritual que o tempo já lhe permitiu alcançar, apontava com seus instrumentos para o olhar de desprezo e desdém do povo para seu verdugo, o ASCO Sávio Pontes, ator da opera trágica da política do Ipu. Exatamente aquele que lhe deu hospedagem inclusive a bebida alcoólica em excesso o dia inteiro. Teve a sensação de alívio e desconforto, alívio por não ser para ele o artista, tamanha indiferença, e o desconforto pelas emanações negativas que se projetavam do perispírito daqueles indivíduos de caráter inferior como os personagens da Divina Comédia Humana de Dante Alighieri. Sensitivo como todo poeta, vislumbrou o olhar distante e lânguido dos desempregados, o olhar áspero de quem perdeu a esperança e a tristeza de todos os olhares que foram vítimas de um estelionato político. Não seria naquele palco sombrio que cantaria com alma e sentimento a sua poesia lírica, nem as dos Deuses da música popular brasileira; A elevação das letras sublimes e quase divinas de Cartola, nem os amores desencontrados de Lupicínio Rodrigues para servirem a promoção de interesses mesquinhos e rasteiros de políticos descomprometidos com o povo, o mesmo povo humilde que no inicio do séculos passado subiram os morros do Rio de Janeiro e promoveram a alquimia da DOR e a ALEGRIA que resultaram em uma das mais autenticas expressões populares do Brasil, o SAMBA.
Benito partiu sem mostrar ao Charlie Brown as MAZELAS do Ipu.