sábado, 24 de abril de 2010

* O SENDEIRO _ DESCE TRISTE PARA O CHÃO!

Quem diria velha amiga, que um dia meus olhos ao avistar-te veriam em te a expressão real e simbólica da angústia e a desesperança de teu povo. Hoje mais pareces uma imensa e sentida LÁGRIMA, solidaria com tantos descaminhos como o estelionato mensal sofrido pelos professores no assalto a mão DESARMADA nos seus contracheques, numa brutal violência a educação e desrespeito ao magistério, ou seria teu compadecido pranto pela fome que não educa, revolta e maltrata gerações de crianças que diariamente comprimem o estômago no amargo gosto da fome .Que lhes importa o desvelo do educador se a dor do jejum é maior que a fome do SABER. Pensando nestas crianças, penetrei nas tuas veredas de pedras em busca dos madrigais que quando criança a te dediquei, e percebi quão contraditório o que se ver e sente-se com a pureza dos olhos de menino, e o quanto é inquietante compreender e aceitar as injustiças com olhos de adulto. E DESCES TRISTE PARA O CHÃO, numa profusão condoída de águas lastimosas na tentativa inútil de limpar a sujeira melancólica da política atual que enche de nódoas a nossa história. Procurei lavar com tuas águas as nossas dores declamando para te os versos de teus poetas antigos, porém, tu copiosa e incontinente continuava a derramar tua imensa lágrima, vi nela então o pranto de toda uma cidade DESCENDO TRISTE PARA O CHÃO. Fiz uso de nossa antiga intimidade, elogiei teu véu de noiva e não te confidenciei do criminoso agrotóxico que pouco a pouco te mata. Também não falei do cinismo de um canalha que faz uso de tua imagem, num logotipo sem graça como marca de sua desastrosa administração, tão desastrosa que é capaz de fazer pedra chorar. Desci então seguindo o curso de tuas águas, enveredei no teu estreito e acidentado SENDEIRO ladeado de árvores imensas e curvas repentinas em busca das ilusões ingênuas e felizes de criança, e elas ainda estavam lá! Num canto saudoso de um SABIÁ. Saindo de teu SENDEIRO de águas fugidias, debrucei-me no cruzeiro da igrejinha e ouvi o lamento e a decepção daqueles que realmente fizeram muito por esta terra e que seus nomes ficarão no ostracismo do esquecimento, pois as homenagens que lhes foram outorgadas serão substituídas por nomes de personagens da política atual que nunca fizeram nada pelo Ipu. Volvei a olhar-te, e tua imensa lágrima continuava a DESCER TRISTE PARA O CHÃO, num SUICÍDIO DE ÁGUAS, talvez por saber que depois deste dilúvio de corrupção, NÃO FICARÁ PEDRA SOBRE PEDRA.